Graus de Liberdade
O meu artigo de hoje no Diário Económico:
Cavaco Silva tinha pouca margem para fixar uma data diferente da escolhida.
Qual era, na prática, a diferença entre fim de Setembro e início de Outubro? O erro é de base: as eleições nunca deveriam ser nesta fase do calendário.
Antes de mais, Outubro é muito tarde para elaborar um Orçamento em Portugal, obrigando o próximo governo a não só apressar o processo, com todos os erros que isso gerará, como a fazer uso de duodécimos do anterior nas primeiras semanas de 2016.
Num país em que metade da economia é despesa estatal e a outra metade é fortemente influenciada por aquela, este será um desafio ainda maior.
O problema será ainda exponenciado se houver mudança de governo e se António Costa decidir “syrizar” (um risco sempre presente, dadas algumas declarações passadas), promovendo alterações significativas no Orçamento para satisfazer as suas diversas clientelas.
O que podia Cavaco fazer relativamente a tudo isto? Quase nada. Em Portugal, o Presidente não tem muitos graus de liberdade.